Por
sua Páscoa, Jesus Cristo redimiu todo o gênero humano. Por Ele, todos
os homens têm acesso à salvação. É fundamental, porém, que todos e cada
homem - já salvos - assumam, explícita e pessoalmente, essa salvação. O
mistério da salvação oferecido gratuitamente por Deusprecisa ser aceito
livremente por cada um de nós, como opção pessoal, em uma atitude de
obediência de fé. “ Para que se preste essa fé, exigem-se gravação
prévia e adjuvante de Deus e os auxílios internos do Espírito Santo, que
move o coração e converte-o a Deus, abre os olhos da mente e dá ‘a
todos suavidade no consentir e crer na verdade’. A fim de tornar sempre
mais profunda a compreensão da Revelação, o mesmo Espírito Santo
aperfeiçoa continuamente a fé por meio de Seus dons” (Constituição
Dogmática Dei Verbum, n. 5).
Ou seja, não se avança na percepção
progressiva do mistério da salvação realizada por Jesus Cristo sem se
deixar habitar em plenitude pelo Espírito Santo, sem experimentar
continuamente de sua efusão admiravelmente manifestada, derramada, dada e
comunicada em Pentecostes (cf. Catec; n. 731),mas prometida para estar
conosco eternamente. “Tendo entrado uma vez por todas no santuário do
céu, Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador que nos
garante permanentemente a efusão do Espírito Santo.” (Catec., n. 667).
O Espírito não cessa, pois, de levar
continuamente as pessoas à experiência do Cristo vivo e ressuscitado,
por meio de sua efusão. Crentes, descrentes, batizados só de nome,
praticantes, santos e pecadores, são visitados por essa graça pascal (v.
Catec., n.731), e dão um salto qualitativo na fé, que vai de um não
conhecimento, de um conhecimento insuficiente, de um conhecimento
estribado na cultura e na razão, apenas, a um conhecimento experiencial,
que aguça a fé e sacia a sede e que envolve todo nosso ser e
proporciona a todos uma progressiva tomada de consciência a respeito do
real significado dos sacramentos da iniciação cristã, do que significa
ser cristão, ser salvo, ser Igreja... E não precisamos ficar esperando
que, aleatoriamente, uma hora aconteça conosco. Ou, se já aconteceu,
achar que foi o suficiente. Jesus nos garante permanentemente a efusão
do Espírito Santo, como vimos. Quem tiver sede, vá a Ele e beba (Jo 7,
37-39), mais e mais. Se o nosso pecado, se a nossa tibieza, se a nossa
pequena fé nos esmorecem, enchamo-nos do Espírito (cf. Ef 5, 12)! Agora
isso é possível. É possível oferecermos ao Espírito mais e mais espaço
em nossa vida para que Ele a replene com sua plenitude. Ele, que já está
em nós, pode manifestar-se, aqui e agora, segundo a Sua vontade e nossa abertura à Sua ação...
E até quando vamos ter necessidade
da Efusão do Espírito? Até atingirmos a santidade!!! Isso mesmo, pois,
“... se o batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus mediante
a inserção em Cristo e a habitação de seu Espírito, seria um
contra-senso contentar-se com uma vida medíocre pautada por uma ética
minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno:
‘Queres receber o Batismo?’ significa ao mesmo tempo pedir-lhe: ‘Queres
fazer-te santo?’ (Novo Millennio Ineunte, 31). Em março de 2002, falando
aos membros de uma delegação da “Renovação no Espírito Santo”, na
Itália, o papa João Paulo II afirmou: “A Igreja e o mundo têm
necessidade de santos, e nós somos tanto mais santos quanto mais
deixamos que o Espírito Santo nos configure com Cristo.” Eis o segredo
da experiência regeneradora da ‘efusão do Espírito’, experiência típica
que caracteriza o caminho de crescimento proposto pelos membros dos
vossos Grupos e das vossas Comunidades” (L’Osservatore Romano,
30/03/2002).E mais recentemente - 23 de maio de 2004 -, aos convidar os
Movimentos Apostólicos a participar da Vigília de Pentecostes, dava o
motivo de seu convite: “...para invocar sobre nós e sobre toda a Igreja
uma abundante efusão dos sons do Espírito Santo”...
Que tal manifestarmos a Deus, hoje -
quem sabe pela primeira vez, ou, talvez, uma vez mais – a nossa sede e a
nossa vontade de receber mais e mais da efusão do Espírito?
Associemo-nos a Maria – “aquela que, embora já tendo experimentado a
plenitude do Espírito na encarnação do Verbo (gratia plena), obedeceu à
instrução do Filho e também colocou-se à espera do cumprimento da
promessa do dom do Espírito”. “E todos ficaram cheios do Espírito...”
(cf. At 2,4). Peçamos, com João Paulo II, a intercessão dela: “ Ó Virgem
Santíssima, mãe de Cristo e da Igreja [...] Tu que estivestes no
Cenáculo com os apóstolos em oração, à espera da vinda do Espírito de
Pentecostes, invoca a Sua renovada efusão sobre todos os fiéis leigos,
homens e mulheres, para que correspondam plenamente à sua vocação e
missão, como ramos da ‘verdadeira videira’, chamados a dar ‘muitos
frutos’ para a vida do mundo” (Christifideles Laici, n. 64).
BESERRA DOS REIS, Reinaldo. Celebrando Pentecostes: fundamentação e
novena. Editora RCC BRASIL. Porto Alegre-RS) Para adquirir este livro clique aqui.
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